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De 11 a 18 de fevereiro, a 11ª edição da Festa Literária das Periferias, a Flup 2022 ocupará o Museu de Arte do Rio (MAR) e o Museu da História e Cultura Afro-Brasileira (Muhcab) com uma programação que integrará mesas de debate com shows, performances e espetáculos de dança. A escolha da região da Pequena África, no Centro do Rio de Janeiro, como local da festa não é à toa. No ano em que lembramos o centenário da Semana de Arte Moderna, a Flup 2022 celebra o modernismo negro, homenageando Lima Barreto, Pixinguinha, Chiquinha Gonzaga e Josephine Baker. Entre as atrações, estão o afrofunk de Taísa Machado, o show de Amaro Freitas e as mesas “Fluxos Transatlânticos” e “Uma experiência Luminosa: O Jazz, a Lei Seca e o Exílio em Paris”. 

 

A Flup 2022 questiona a narrativa que estabelece o modernismo como um fenômeno centralizado em figuras eminentes da intelectualidade paulistana. Decerto, a São Paulo de Oswald e Mário de Andrade parecia se destacar como a vanguarda cultural do país, uma vez que o festival de arte moderna ocorrera, efetivamente, no Theatro Municipal da cidade. Sabemos hoje, porém, que o protagonismo “dos paulistas” é oriundo de um apagamento da diversidade cultural do Brasil, refletindo desigualdades históricas, como a marginalização da cultura negra. 
 
Enquanto a Semana de Arte Moderna acontecia em São Paulo, Paris sediava o primeiro encontro de músicos negros na diáspora. Dele, fizeram parte Pixinguinha e seu grupo, o Oito Batutas – também formado por Donga, Raul Palmieri, Nelson Alves, China, Jacó Palmieri, José Alves Lima e Luis Pinto da Silva. Os brasileiros encontraram-se com músicos norte-americanos, que saíram do sul, foram para o norte dos Estados Unidos e emigraram para a França. Formava-se, então, um cenário de música negra, que resultou em um intercâmbio entre ritmos brasileiros, danças de salão do século XIX, jazz e expressões musicais caribenhas. 
 
Os músicos negros compartilharam o palco, tocaram juntos, trocaram instrumentos, e criaram então uma nova música, feita de muitas misturas. A partir do encontro em Paris, Pixinguinha passa a tocar saxofone, e dois instrumentos chegam ao Brasil: o banjo e a bateria. A abertura da Festa Literária das Periferias 2022, em 11/02, acontece no mesmo dia que Pixinguinha chegou na França e terá o lançamento da exposição biográfica Pixinguinha: um maestro batuta, com curadoria de Julio Ludemir, Marcelo Campos e Maurício Barros de Castro, que traz fotos, cartazes, reportagens e obras de artistas como Arjan Martins, Jaime Lauriano, Mulambo, Yhuri Cruz e o TTK, Rabisco do Santo Amaro, em homenagem ao Mestre e este encontro de músicos negros que mudou a música do Brasil e do mundo. A programação contará, ainda, com uma mesa de debate com o ator, jornalista, escritor e sambista Haroldo Costa.
 
A cantora e dançarina norte-americana Josephine Baker revolucionou o estatuto da mulher negra em suas quatro visitas ao Brasil, com performances que a creditam como feminista antirracista e ícone LGBTQIAP+ de primeira hora. A Flup terá o dia 17/02 dedicado ao “ícone de uma década louca”, com o espetáculo da atriz Aline de Luna, debate com Terri Francis, mulher negra dos EUA que escreveu a biografia de Josephine, e Audrey Pulvar, jornalista e escritora francesa. A Festa ainda contará com uma experiência Afrofunk com Taísa Machado, a Josephine Baker pós-moderna, e sua ciência do Rebolado. 
 
Lima Barreto, morto em novembro de 1922, teve na condição marginalizada o ponto de partida para a investigação da identidade nacional, retratada no clássico “Triste Fim de Policarpo Quaresma” (1911). O Grande esquecido de 22 será homenageado no dia 18/02 na mesa “Heranças da Pequena África", com a participação de Ynaê Lopes dos Santos, Tom Farias e Eduardo de Assis Duarte, para falar de uma elite negra que existiu na década de 20 e foi apagada. O dia ainda terá um espetáculo com Leandro Santana (diretor do Muhcab). Um dia antes, Jaime Lauriano, Lilia Moritz Schwarcz e Pedro Meira debatem a exposição de cartazes produzidos a partir de 22 trechos de obras de Lima Barreto, que o trio ajudou a curar. A festa se encerra com uma homenagem à grande compositora e maestrina negra Chiquinha Gonzaga, muitas vezes embranquecida nos palcos e telas, feita pela cantora e compositora Juçara Marçal.
 
Numa ode ao Rio de Janeiro, a Flup trará um panorama da efervescência cultural da cidade na década de 1920, “os anos loucos”, discutindo como seus personagens contribuíram para o modernismo.
 
Recheada de atrações e diversidade, um Palco de Música será montado para a  apresentação de renomadas rodas de samba cariocas, incluindo o Samba das Rosalinas; Velha Guarda da Portela seguida do show da cantora Teresa Cristina; Amaro Freitas; Majur; Dj Rennan da Penha; um Coral Gospel; e muito mais. A Flup 22 ainda prestará reverências ao mestre Bangbala, ogã mais antigo do país, que nasceu no ano em que o Oito Batutas começou, em 2019.

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